Como surgiu esta iniciativa, de criar uma Pós-Graduação inédita no nosso país?
A Fundação Aga Khan Portugal (AKF) pauta-se pela promoção de sociedades plurais onde todas as pessoas possam prosperar e sentir pertença. Entre 2015 e 2018 esteve envolvida na criação e gestão da Carta Portuguesa para a Diversidade, tendo apoiado a criação da associação que a gere atualmente, a APPDI – Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão. Foi evidente, desde o início, a necessidade de formação e consultoria especializada na área da gestão da diversidade e da promoção do pluralismo, ajustada ao contexto português. Nesse sentido, a AKF Portugal liderou o desenvolvimento de diversos recursos de conhecimento e oportunidades de formação em Diversidade e Inclusão, que foram criados colaborativamente tendo em conta as necessidades de organizações dos mais diversos sectores, tais como entidades públicas, do terceiro sector e empresas. Estas formações foram reforçadas com um curso online desenvolvido no âmbito de um projeto europeu com 11 Cartas para a Diversidade – o Diversity@work e, ao longo dos últimos 5 anos, foram sendo testadas por mais de 1000 pessoas, tendo recentemente sido alvo de uma avaliação que demonstrou resultados interessantes. Um deles é que a formação presencial de 7h, atualmente ministrada em complemento à formação online, é impactante ao nível do aumento de conhecimentos, competências e de capacidade de autoreflexão, mas é vista como insuficiente, principalmente para quem deseja trabalhar nesta área e alavancar e liderar a mudança nas suas organizações.
Qual a relação entre a Fundação Aga Khan Portugal e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP)?
As duas entidades aproximaram-se no âmbito da Carta Portuguesa para a Diversidade, tendo já colaborado em várias ocasiões, como por exemplo no projeto Diversity@work, onde a docente do ISCAP Ana Martinho foi certificada como formadora dos conteúdos criados, que tem vindo a usar ativamente no âmbito da licenciatura em Recursos Humanos, por ser um tema sentido como necessário para reforçar os conhecimentos destes profissionais. Mais tarde, a AKF Portugal foi convidada para integrar o Conselho Consultivo da Missão Diversidade, Equidade e Inclusão do Politécnico do Porto, tendo apoiado no diagnóstico, reflexão e desenho de medidas para o seu plano de ação. Neste plano foi desde logo avançada a necessidade de oferecer mais formação avançada sobre o tema. Mais recentemente, a AKF tem vindo a dinamizar ações de formação para o staff do P.PORTO.
Qual o envolvimento da Fundação Aga Khan Portugal nesta PG?
O desenvolvimento da ideia, do percurso formativo e dos conteúdos foi realizado em conjunto pelo ISCAP e pela AKF, juntando o melhor de dois mundos: o campo da investigação científica mais atual e a experiência de inovação social no terreno e de dinamização de ações de formação dinâmicas e práticas da AKF. O curso está pensando para abranger todo o tipo de profissionais e para fornecer ferramentas teóricas mas igualmente práticas. Recentemente a AKF criou uma Academia para disseminação das suas metodologias, onde esta oferta formativa se encaixa na perfeição, contando com uma validação académica que traz um reconhecimento extra e aumenta o alcance e impacto da iniciativa.
Quem são as pessoas a quem se pretende chegar com esta oferta formativa? O que podem elas obter de mais valias com este curso? Porque o devem fazer?
Esta oferta dirige-se a todo o tipo de profissionais que desejem fomentar a sua capacidade de gerir positivamente a diversidade, ou mesmo iniciar ou desenvolver políticas, estratégias e planos de ação com vista a potenciar a inclusão, equidade e justiça social, dentro das suas organizações.
Podemos dizer que os conteúdos foram pensados para se ajustar a profissionais de todo o tipo de entidades, designadamente, das autarquias e organismos públicos de âmbito nacional (responsáveis por implementar políticas públicas), a profissionais de empresas que procurem maximizar as mais-valias da diversidade para a sua competitividade, e a staff e lideranças de organizações do terceiro setor que desejam ver espelhados, no seu trabalho e na gestão de recursos humanos, os valores em que assentam.
Ao frequentar esta pós-graduação, cada pessoa irá potenciar competências no domínio da gestão da diversidade, aumentar o seu conhecimento e realizar uma jornada de tomada de consciência, que lhe permitirá com sucesso ver reconhecida a sua legitimidade para desenhar e implementar planos de ação, bem como confiança e estratégias para argumentar e ver aprovadas propostas junto de decisores de topo das organizações.
Que tipo de conteúdos irão ser abordados?
Os conteúdos abordam, por um lado, uma diversidade de aspetos científicos e metodologias práticas e atuais que permitirão a profissionais sentir-se no domínio das competências necessárias para encetar a desafiante tarefa de influenciar a mudança de mentalidade e da cultura das organizações, contribuindo desta forma para sociedades mais justas e inclusivas.
Iremos começar por definir conceitos, abordar as mais recentes descobertas da investigação neste domínio, passando por refletir sobre as dinâmicas sociais que conduzem à desigualdade e à discriminação, incluindo uma perspetiva histórica e sociológica, e pela reflexão sobre fenómenos atuais, como os movimentos WOKE e Cancel Culture, e incluindo uma abordagem ao papel da tecnologia tanto na discriminação como na inclusão.
Através dos seminários será possível abordar em maior detalhe o modo como a discriminação afeta de forma específica determinados grupos, tais como as pessoas de diversas idades e identidades de género, de diversas origens e pertenças étnicas, pessoas racializadas, pessoas com deficiência ou incapacidade ou com estilos de vida que saem das expetativas estabelecidas historicamente. Por fim, terminaremos com um módulo virado para as questões organizacionais, onde iremos aprofundar as caraterísticas do funcionamento das organizações e como a mudança de cultura pode ser motivada e potenciada.
Porquê a escolha destes conteúdos?
Quisemos essencialmente que o curso fosse atual e pertinente face aos desafios sociais que vivemos e que influenciam as dinâmicas organizacionais, potenciando muitas vezes a perpetuação de relações de poder historicamente estabelecidas que não são favoráveis ao progresso social e qualidade de vida de muitos grupos de pessoas. É essencial para nós que se torne evidente como todas as pessoas fazem parte de um sistema que perpetua as desigualdades, como é que este sistema se mantém e o que podemos fazer para perturbar a ordem estabelecida rumo a uma sociedade mais justa, plural e verdadeiramente meritocrática.
Quem são e que caraterísticas tem o corpo docente?
O corpo docente é composto por um inovador misto de profissionais da academia, que têm dedicado a sua vida à investigação e ao ensino superior, e por profissionais da AKF que, por sua vez, se têm dedicado a desenhar e implementar soluções que potenciam a qualidade de vida de grupos de pessoas com diversas experiências de exclusão. Esta perspetiva teórica, aliada a uma robusta experiência prática, fazem desta oferta formativa única e de um enorme potencial transformador.
Que formato irá ter a Pós graduação e como será possível para pessoas de todo o país frequentarem a mesma?
Pensamos cuidadosamente a forma como esta oferta poderia ser acessível a todas as pessoas, independentemente da sua origem, condição física, situação familiar e económica e zona de residência. Desta forma, o curso será ministrado em formato Blended-Learning, alternando sessões presenciais e online, incluindo momentos de trabalho autónomo por parte de cada participante. Nos momentos presenciais (que serão pontuais), ofereceremos sempre a possibilidade de participação remota através de plataformas digitais.
Que parcerias existem e como irão valorizar esta oferta?
Para já contamos com várias parcerias, mas outras poderão vir a juntar-se!
A CITE - Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego, por ser um organismo do estado responsável pelo desenho e implementação de medidas de igualdade e não discriminação a nível nacional, será de um contributo fulcral para nos atualizar sobre a legislação existente e como esta é aplicada, bem como para partilha das melhores práticas realizadas em Portugal.
A associação GRACE, pelo seu compromisso e longa experiência no âmbito da responsabilidade e sustentabilidade social, trará um importante contributo para a reflexão sobre práticas de mudança organizacional já realizadas com sucesso, através da sua extensa rede de empresas associadas.
A Humanitas Federação Portuguesa Para A Deficiência Mental constituída por IPSS que desenvolvem a sua ação no âmbito da habilitação e integração da Pessoa com Deficiência Intelectual.
A Rede Incorpora da Fundação La Caixa que integra 52 organizações da economia social que se dedicam à integração sociolaboral de pessoas em situação de vulnerabilidade e ao matching entre oferta e procura no mercado de trabalho.
A Rede Portuguesa das Cidades Interculturais que promove as políticas de diversidade e inclusão das cidades portuguesas
A P4P - People 4 People enquanto comunidade que junta pessoas com interesse nas várias vertentes dos Recursos Humanos, com o objetivo de criar discussões sobre temas atuais relacionados com Pessoas e as dinâmicas das Comunidades Organizacionais.
A Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG) âmbito nacional que congrega pessoas e organizações que se dedicam à gestão do capital humano ou exercem funções especializadas nesta área, num total de cerca de 600 membros.
Com que outras novidades e surpresas podemos contar neste curso?
Temos preparadas várias ideias e aulas inovadoras, mas não queremos estragar o efeito surpresa! Digamos apenas que vamos ter experiências práticas com tecnologia avançada e oportunidades de visitas de estudo «fora da caixa», bem como pessoas convidadas que nos irão deixar os seus testemunhos e práticas e contagiar-nos com muita inspiração!